Quanto os salários aumentariam e quais setores seriam mais beneficiados pela reforma trabalhista, segundo o Governo?

Enquanto vários especialistas e grupos econômicos afirmam que a reforma trabalhista do governo Gustavo Petro desestimularia o emprego formal e destruiria empregos, um novo estudo do Ministério do Trabalho, liderado por Antonio Sanguino, afirma que as medidas propostas teriam um impacto positivo.

O referendo fracassa, e a reforma trabalhista é retomada em uma sessão acalorada no Congresso. Foto: Nestor Gomez. O TEMPO
"A principal crítica levantada é que a reforma não cria empregos e que, paradoxalmente, o que ela produzirá é destruição. Este estudo apresenta evidências que contradizem essa suposição", afirma a pesquisa.
Este veículo de comunicação teve acesso ao estudo completo do Ministério do Trabalho, que estima que, se o projeto de lei for aprovado, serão criados cerca de 91 mil empregos por ano, enquanto a atividade econômica cresceria aproximadamente 0,37%.
"A proposta de reforma trabalhista promovida pelo atual governo poderia implicar um aumento salarial que poderia variar de 6% para o emprego formal a 4% para o conjunto dos empregos. Considerando a elasticidade salarial estimada do emprego, isso teria um impacto direto na criação de entre 80.000 e 100.000 empregos", projeta o ministério.
Esses cálculos foram feitos por meio de um exercício de simulações macroeconômicas e da calibração de um modelo insumo-produto baseado na matriz de contabilidade social.
Embora o relatório liste todos os setores que se beneficiariam das novas mudanças trabalhistas, ele não menciona quais seriam prejudicados pelo aumento dos custos trabalhistas que poderiam resultar de sobretaxas noturnas e de domingo mais altas, como especialistas alertaram recentemente.

Requisitos para trabalhar como assistente de loja no supermercado Aldi. Foto: iStock
A ideia é transferir o turno da noite das 21h. até às 19h. e que o pagamento de domingos e feriados aumente de 75% para 100%.
"Uma melhoria nos salários dos trabalhadores pode ter um efeito positivo na criação de empregos, por meio do aumento do consumo", diz o estudo.
Onde mais empregos seriam criados? O estudo afirma que os setores que mais se beneficiariam da reforma trabalhista seriam a agricultura, com mais de 17,5 mil empregos gerados por ano (19% do total); e comércio, com outros 17.300 empregos (também 19% do total).
Em seguida vêm os serviços de entretenimento e recreação, com 12.258 empregos; indústria, com mais 11.800 pessoas; e o setor de alojamento e restauração, onde seriam criados 9.097 empregos por ano.
Atrás dele aparecem o setor da administração pública, educação e saúde (7.778), transportes (5.501), atividades profissionais e científicas (4.607), atividades financeiras e de seguros (1.583), Informação e Comunicações (1.433), construção (1.173), setor imobiliário (816) e exploração de minas e pedreiras (230).
Além disso, identifica quantas pessoas serão beneficiadas pelas novas medidas trabalhistas e qual será o aumento de renda devido aos efeitos da reforma. No total, projeta-se que mais de 7,9 milhões de assalariados serão beneficiados , com um aumento médio de renda de quase 3%. No entanto, como não abrange todos os empregos, o aumento líquido é projetado em 1,83%.

Estudo do governo sobre reforma trabalhista. Foto: iStock
Nesse sentido, ele afirma que o setor que mais se beneficiaria da reforma seria a administração pública, pois emprega 1,9 milhão de pessoas. Em seguida vem o setor comercial, com 1,2 milhão de pessoas, e a indústria, com 1,1 milhão.
"A solução para a falta de dinamismo do mercado de trabalho para absorver a crescente oferta de mão de obra e melhorar a qualidade dos empregos oferecidos deveria ter sido buscada com base em argumentos que não fossem a falta de flexibilidade trabalhista e os altos custos trabalhistas. É nesse modelo de crescimento que as ações de política econômica devem se concentrar para fortalecer a criação de empregos de forma sustentável", afirma o documento.
O que dizem estudos anteriores? Há dois anos, o Grupo de Análise do Mercado de Trabalho (Gamla) do Banco da República publicou um estudo concluindo que, se a proposta original do governo fosse aprovada, os custos salariais aumentariam a tal ponto que as empresas seriam forçadas a demitir cerca de 450.000 de seus funcionários formais em um cenário de médio prazo, dentro de um período de três a quatro anos.
O documento indicou que os cortes variariam de 152 mil a 746 mil, o equivalente a uma redução de 2,1 pontos percentuais na taxa de emprego formal. Tudo isso em um cenário médio.

Desemprego na Colômbia. Foto: iStock
Para fazer os cálculos, eles levaram em conta os adicionais noturnos e dominicais, além de mudanças nos contratos de prestação de serviços, verbas rescisórias, salários-aprendizagem, indexação salarial de até dois salários mínimos, benefícios previdenciários para plataformas digitais e eliminação de contratos sindicais.
O think tank Fedesarrollo também calculou os potenciais efeitos da reforma. Segundo os cálculos de Luis Fernando Mejía, seu diretor, 451.000 empregos seriam perdidos, e as pequenas empresas seriam as mais afetadas.
eltiempo