Preços do cobre atingem a pior queda desde 1989 devido a Trump

Os preços do cobre despencaram mais de 18,18% na tarde de quarta-feira depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, impôs uma tarifa de 50% sobre as importações de produtos semiacabados e subprodutos com alto teor de cobre.
Os contratos futuros de cobre mais negociados na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) fecharam em queda de 18,18%, a US$ 4,63 por libra, seu menor nível desde 12 de maio, quando atingiram US$ 4,6210.
Na quarta-feira, o preço do metal vermelho atingiu a mínima de US$ 4,5360, representando uma queda de 20,4%.
Além disso, a queda registrada é a mais profunda desde 26 de outubro de 1989, quando caiu 99%, segundo dados do Investing.
O cobre teve um retorno de 39,5% até agora neste ano antes da notícia, mas com o declínio, seu desempenho caiu para 14,98%.
A Casa Branca disse na quarta-feira que imporia tarifas de 50% sobre produtos semiacabados, como tubos e fios de cobre, e os chamados produtos derivados, como conexões e cabos para tubos.
No entanto, os Estados Unidos excluíram materiais de “entrada”, como minérios e concentrados de cobre, e, em vez disso, os submeteram a novas regras que determinavam onde eles poderiam ser vendidos.
Incerteza tarifária
Jesús Anacarsis López, vice-diretor de análise do Banco Base, comentou que o ajuste no preço do cobre se deve à confirmação pela Casa Branca da tarifa mineral que entrará em vigor no mês que vem, já que as novas regras e o foco exclusivamente em produtos semimanufaturados surpreenderam o mercado.
"Essa tarifa não se aplica ao minério de cobre como matéria-prima; mas sim a produtos feitos com cobre, como tubos, fios, barras, chapas e canos de cobre", explicou o especialista.
Brian Rodríguez, analista de mercado de ações da Monex Casa de Bolsa, afirmou que o mercado esperava uma tarifa sobre o cobre; no entanto, ela foi aplicada a produtos semimanufaturados.
"A queda do metal se deve ao fato de que as tarifas estão mais focadas em materiais semiacabados do que em matérias-primas", explicou o especialista do banco.
O cobre perderá seu apelo
Especialistas concordam que o metal vermelho pode deixar de ser um ativo seguro para investidores.
Entre os aspectos que eles mencionaram estão que as empresas aumentaram suas reservas, o que fará com que a demanda diminua nos próximos meses, e o fortalecimento do dólar tornará o mineral menos atrativo.
Rodríguez prevê que as empresas já tenham um excesso de estoque do metal industrial, "o que naturalmente levará a uma diminuição na demanda, fazendo com que o valor do metal caia e o tornando menos atraente como um ativo de refúgio seguro".
Por sua vez, Anacarsis afirmou que há dois fatores que vão pressionar o preço do metal.
Primeiro, tarifas sobre matérias-primas ou materiais não processados não serão cobradas e, segundo, o fortalecimento do dólar, "a recuperação da moeda americana afeta a demanda por ativos de refúgio seguro".
As ações são vestidas de vermelho
As ações de empresas de mineração de capital aberto caíram acentuadamente nas negociações de quarta-feira depois que Trump assinou tarifas significativas sobre importações de cobre.
Em Wall Street, as ações da Ivanhoe Electric, uma empresa de mineração focada na exploração e desenvolvimento de projetos de cobre e prata de alta qualidade, foram as que mais caíram, caindo 16,67% para US$ 9,25.
Também a mineradora Freeport-McMoRan, com queda de 9,46%, seguida pela Southern Copper, mineradora e subsidiária do conglomerado mexicano Grupo México, com queda de 6,33%.
Na Bolsa de Valores de Toronto, ações como Taseko Mines, Hubday, Ero Cooper e First Quantum Minerals perderam 7,79%, 6,55%, 4,71% e 1,96%, respectivamente.
Na Bolsa Mexicana de Valores (BMV), as ações do Grupo México, principal produtor de cobre do México e um dos maiores do mundo, caíram 3,7% ontem.
Eleconomista