Série de TV | Tail Parade of Ghosts
O aviso de gatilho é uma nova ferramenta na higiene psicossocial do cinema e da televisão. Para evitar que almas feridas sejam retraumatizadas, emissoras, portais e cinemas ocasionalmente alertam contra conteúdo insensível. E quando a ZDF, no início da nova série "Chabos", aponta "trechos contendo linguagem e atitudes discriminatórias" que, "por razões de autenticidade", são apresentados "como ocorreram na época", isso é absolutamente apropriado.
Neste caso, foi no início dos anos 2000. Naquela época, tipos tóxicos como PD, apelido para poloneses-alemães, usavam palavras que iam de "Schw******" a "F****" e eram tão politicamente corretos quanto uma sala de bate-papo do AfD. Então, naquela época, prevaleciam os costumes que hoje não atrairiam apenas a atenção dos responsáveis pela conformidade. Com um pouco de energia da teoria do caos, essa mentalidade também levou direto ao desastre há 19 anos. E é assim que funciona.
"Nosso humor consistia em piadas sobre mulheres, gays e estrangeiros", admite Peppi, pedindo clemência. Ele diz que está diferente agora.
Como PD (Jonathan Kriener), de 16 anos, e seus melhores (e únicos) amigos Peppi (Nico Marischka) e Alba (Arsseni Bultmann) não conseguem entrar na discoteca de Duisburg, eles pedem a Gollum (Loran Alhasan), um nerd de computadores da mesma idade, que crie um filme de terror dessa nova coisa chamada internet. Isso, no entanto, abre caminho para uma espiral de escalada, da qual as coisas rapidamente despencam, em parte porque PD invariavelmente tem ideias idiotas para escapar. Uma delas, por exemplo, é vender fotos nuas da paixão de Gollum, Pinar (Bahar Balci).
O agora envelhecido Peppi (Johannes Kienast) mostra aonde isso leva logo no início do primeiro dos oito episódios. Sua vida como funcionário de uma startup de IA para refrigeradores já fracassou. Quando o homem de trinta e poucos anos descobre que ninguém o convidou para a reunião da turma, ele volta para casa, em Duisburg, para investigar a causa – e lá ele encontra os fantasmas do seu passado. O ponto de partida: PD, brilhantemente interpretado por David Schütter.
Já um falastrão hipócrita em 2006, implicando com os mais fracos, mas se curvando ao pai violento, ele se torna policial em 2025. O que mais, Peppi se pergunta em voz alta, viajando mentalmente de volta ao ano do conto de fadas de verão. "Porque onde um adulto pode se entregar ao poder e ao sadismo e ainda ganhar dinheiro? Certo!" Baseados em seu próprio roteiro, os diretores Arkadij Khaet e Mickey Paatzsch nos contam como os millennials se tornaram o que são hoje, em duas linhas do tempo alegremente entrelaçadas e repletas de citações da cultura pop.
Quando Peppi nos explica constantemente, através da quarta parede, diretamente para a câmera, como o passado e o presente estão interligados, não se trata apenas de uma viagem narrativamente original de volta aos anos 2000, quando os telefones ainda tinham celulares do tamanho de um humano em vez de telas sensíveis ao toque e o download de filmes digitais levava três horas. Com "Chabos", ele também nos transporta para o período Pré-Cambriano, um mundo sem igualdade, em oito segmentos de 30 minutos. Mulheres aparecem no filme.
Anke Engelke, por exemplo, interpreta a mãe infeliz de Peppi, casada, com uma presença igualmente poderosa, enquanto Arina Prass interpreta sua primeira namorada, Mascha, e Paula Kober interpreta a Pinar adulta. De modo geral, porém, as personagens femininas são sempre ofuscadas pelos personagens masculinos. São elas que dão estrutura à trama. Quase todas as piadas neste desfile maluco de homens de tempos passados, assustadoramente próximos, giram em torno de suas peculiaridades e erros.
Parece uma admissão de culpa autodepreciativa que Peppi, enquanto lava a louça com o cunhado, aplique o teste de Bechdel, usado para avaliar a independência de personagens femininas de filmes, a cenas anteriores de "Chabos" e, em seguida, direcione a câmera para sete membros masculinos da equipe. Mas talvez seja simplesmente honesto contar uma tragicomédia sobre os últimos estertores do patriarcado a partir da perspectiva dele.
"Nosso humor consistia em piadas sobre mulheres, gays e estrangeiros", admite Peppi, pedindo clemência. Porque ele está diferente agora. "E não há motivo para não me convidar." De jeito nenhum. Porque não havia apenas um, mas vários bons motivos, no fim das contas – digamos assim – quase exclusivamente mulheres estão do lado positivo. Isso não faz de "Chabos" uma série feminista. Mas ela consegue contar a história da luta pela igualdade de direitos há 20 anos de uma forma não apenas divertida, mas também substancial, apesar de uma ligeira queda de qualidade na segunda metade.
Os três primeiros episódios de "Chabos" serão exibidos no domingo, às 20h15, na ZDF Neo. Todos os episódios já estão disponíveis na biblioteca de mídia da ZDF.
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